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OLEAGINOSAS: Sementes oleaginosas podem ser indicadas contra a prevenção de doenças cardiovasculares?

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Sementes ricas de óleo, envolvidas por uma casca rígida e conhecidas por ser um grupo de alimentos muito saudável. Ricas em proteínas, gorduras insaturadas, vitaminas e minerais, as oleaginosas não podem ficar de fora da dieta. 

Os alimentos que fazem parte desse grupo são: amêndoas, macadâmias, pecãs, avelã, nozes e castanhas. Algumas delas se destacam por proteger ainda mais o sistema cardiovascular. Parte desses alimentos são especialmente ricos em gorduras mono e poli insaturadas, nutrientes que agem de forma positiva nos níveis de lipídios sanguíneos. Manter os níveis adequados desses lipídios é fundamental para reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. O ômega 3 e 6, presente nelas, podem agir no organismo de várias formas, como por exemplo: ajudando a reduzir danos vasculares, evitando a formação de coágulos (trombose) e de depósitos de gordura (aterosclerose), reduzindo o colesterol total, e ainda, desempenhando importante papel em alergias e processos inflamatórios. Também são fontes significativas de resveratrol e arginina, componentes importantes para a inibição da agregação plaquetária.
A melhor forma de consumi-las é in natura (sem aquecer), em porções de aproximadamente 40 mg. Porém, mesmo com todos esses benefícios, é preciso cuidado na hora de consumi-las; por serem fontes de gordura, esses alimentos são altamente energéticos e, em grande quantidade, podem contribuir para o aumento da ingestão energética diária, ocasionando ganho de peso.
Em 2005, na RDC n° 272, a ANVISA reconheceu as oleaginosas como alimentos de origem vegetal; em 2008, segundo a RDC n°64, foram reconhecidas como snack, e de acordo com a resolução n° 19, de 30 de abril de 1999, se enquadram no quadro de alimentos que possuem propriedades funcionas e/ou de saúde.  
A CASTANHA DO BRASIL, produto aqui em destaque, produzido pela Miragina, trata-se de unidades de castanha do brasil fatiadas com sal, utilizadas como aperitivos e acompanhamento de molhos, saladas e risotos, por exemplo, como expresso no rótulo. A castanha-do-Brasil, é uma amêndoa oleaginosa de elevado valor energético. Seu principal constituinte é o selênio, elemento importante na proteção dos lipídios da membrana celular, impedindo a formação de radicais livres. Segundo estudos, deficiências evidentes de selênio no organismo estão associadas ao aumento de risco de doenças cardiovasculares, confirmando assim a propaganda expressa no site oficial da indústria produtora e na tabela nutricional expressa tanto no rótulo quanto no site oficial do produto.


Referências:
Adriana, D., & Barleta, V. C. N. (2017). Alimento funcional: uma nova abordagem terapêutica das dislipidemias como prevenção da doença aterosclerótica. Cadernos UniFOA, 2(3), 100-120.
Oleaginosas: benefícios e diferenças entre castanhas, nozes e amendôas. Acessado em 8 de Junho de 2017:https://www.jasminealimentos.com/wikinatural/oleaginosas-os-beneficios-e-diferencas-entre-castanhas-nozes-e-amendoas/
Vidal, A. M., Dias, D. O., Martins, E. S. M., Oliveira, R. S., Nascimento, R. M. S., & da Silva Correia, M. D. G. (2012). A ingestão de alimentos funcionais e sua contribuição para a diminuição da incidência de doenças. Caderno de Graduação-Ciências Biológicas e da Saúde-UNIT, 1(1), 43-52.
Zimmermann, A. M., & Kirsten, V. R. (2016). Alimentos com função antioxidante em doenças crônicas: uma abordagem clínica. Disciplinarum Scientia| Saúde, 8(1), 51-68.
Castanhas, amêndoas, frutas secas... Mix de nuts diminui o mau colesterol. Acessado em 8 Junho de 2017: http://globoesporte.globo.com/eu-atleta/nutricao/noticia/2016/08/castanhas-amendoas-frutas-secas-mix-de-nuts-diminui-o-mau-colesterol.html
Castanha do Brasil, Miragina. Acessado em 20 de Junho de 2017: http://www.miragina.com.br/v2/index.php

Sementes de Canhâmo: o alimento completo?

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As sementes de canhâmo chegaram ao mercado brasileiro como uma forte promessa de suplemento alimentar, sendo altamente defendida por nutricionistas. Além das altas quantidades de nutrientes básicos, vitaminas e minerais as “Hemp Seeds” possuem alto teor de oleos essenciais como omega 3 e 6, que possuem diversas propriedades medicinais. Seria então a semente de canhâmo o alimento completo que além de nutrir integralmente poderia possuir propriedades medicinais seguras para o consumo?



Introdução

    Atualmente é comum vermos as pessoas trocando uma alimentação saudável por alimentos industrializados que vendem a ideia de suprir todas necessidades diárias de macro e micronutrientes, porém as sementes de canhamo chegam ao Brasil com a ideia de suplementação alimentar como todos produtos industrializados, porém com o grande beneficio de ser um produto totalmente natural.
         As sementes de canhamo na contramão do que muitos pensam, não possuem o principio ativo da planta Cannabis de forma a produzir seus efeitos, o que garante seu consumo de forma segura. Dentre os principais benefícios da substituição alimentar por esse alimento se encontram os altos níveis de nutrientes básicos além de nutrientes com propriedades medicinais e protetoras. Para o estudo foi utilizada a semente de canhamo da NOW Foods, encontrada em algumas lojas de especiarias no Brasil.


Fundamentos Bromatológicos e Discussão



Nutracêuticos:
            As “Hemp Seeds” como diversas outras oleaginosas tem em sua composição altas quantidades de acidos graxos poliinsaturados, como Omêga 3 e 6 e como podemos observar pela tabela nutricional as quantidades de macronutrientes são elevadas.

      Além dos macronutrientes apresentados, que suprem claramente as quantidades necessarias em pequenas porções, temos altas quantidades de ferro, calcio e potassio.
           As quantidades encontradas no produto de ácidos graxos não foram especificadas, porém comparando com outros produtos similares as proporções de 3:1 entre Omega 3:6 são as preditas como as melhores por estudos de saúde. Esses ácidos graxos possuem propriedades como diminuição da agregação plaquetaria, diminuem colesterol e possuem grande papel em proteção à doenças coronarianas.
        O grande conteudo proteíco dessas sementes é o que mais chama atenção, possuindo uma grande quantidade. Dentre os aminoácidos presentes temos altas concentrações de Arginina que possui efeitos antiinflamatórios por diminuir as quantidades de proteina reativa C e diminuir efeitos da hipertensão por estimular a produção de oxido nitrico. Também são encontradas grandes quantidades de edestina que possui papel no reparo de DNA.
          Além de todos beneficios citados temos ainda a regulação do transito intestinal pelo seu teor de fibras soluveis e insoluveis.


Legislação

O canhâmo:


      Segundo a Lei de Drogas, as sementes de Cannabis não são permitidas no Brasil. Porém no último ano tivemos diversas jusrisprudencias e sua importação foi permitida em alguns casos. O produto já pode ser encontrado em mercados municipais e algumas casas de especiarias.

O alimento:


     As sementes de canhamo são oleaginosas e seguindo a luz da RDC 19 de  30 de abril de 1999 da ANVISA se colocam como alimentos que possuem propriedades funcionais e/ou de saúde.          

     

Conclusão

Sementes de canhâmo apresentam altas quantidade de beneficios à saúde que foram largamente ignorados por sua associação com a maconha, apesar de possuir traços de THC, porém de forma segura e não apresentando os efeitos conhecidos da maconha. Seu alto conteudo energetico sem carboidratos e com alto teor de fibra as fazem um otimo suplemento alimentar para atletas além de servir para prevenir e melhorar algumas doenças. As sementes de canhamo vem sendo comparada a super alimentos como quinoa e fontes altamente proteicas de carne. Desse modo, as “Hemp Seeds” se tornaram como é anunciado mais uma opção de alimentos completos, que podem nutrir de forma integral e ainda ajudar amplamente na saúde dos consumidores.

Article 11

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Nutren senior (Nestle)

 

A manutenção da saúde, nos diferentes estágios da vida é influenciada de maneira significativa pela alimentação, que também influenciará a qualidade de vida na senescência. Desta forma, a utilização de suplemento alimentar em idoso traz um benefício significante?

Existem diferentes maneiras para melhorar o estado nutricional de idosos, sendo o consumo alimentar a maior parte, envolvendo o benefício na quantidade, na qualidade ou a combinação destes fatores. A quantidade consumida pode ser influenciada pelas condições de acesso aos alimentos, assistência na alimentação, melhora no ambiente de refeições e sabor dos mesmos. A qualidade do consumo pode ser melhorada por meio de orientações nutricionais de uma alimentação balanceada, pelo fornecimento de alimentos variados e nutritivos, e pela verificação da necessidade de complementação nutricional.

Descrição do produto:Nutren sênior é uma Combinação de cálcio, proteína e vitamina D. Foi o primeiro produto da Nestlé Brasil voltado para quem tem mais de 50 anos. Nutren Senior em Pó é prático e versátil, pode ser adicionado em bebidas, preparações doces ou salgadas. Basta adicionar leite e está pronto para beber. Disponível em embalagens de 370g, em Pó, nos sabores Baunilha, Café com Leite e Chocolate.

Nutren Senior Informação Nutricional


Legislação: Portaria nº 32, de 13 de janeiro de 1998 - Aprova o Regulamento Técnico para Suplementos Vitamínicos e ou de Minerais

Fundamentos bromatológicos:
Os idosos se encontram dentro do grupo de risco de carência de macro e micronutrientes, uma das causas é a dificuldade na manutenção adequada da ingestão energética e de nutrientes por meio de uma alimentação balanceada. Há mudanças fisiológicas que alteram o estado nutricional, como: diminuição do metabolismo basal, redistribuição da massa corporal, entre outros. Estas mudanças podem interferir no consumo alimentar.
A perda de peso é indicador de inúmeras patologias e está relacionada com o aumento no risco de morbi-mortalidade. Assim, a perda de peso deve ser considerada pois 10% ou mais de perda de peso, em um período de seis meses, é um provável indicador de problemas de saúde.
Muitas vezes a desnutrição é vista como um processo normal de envelhecimento, sendo ignorado. Com isso, a suplementação alimentar é uma forma válida e eficaz para recuperação e manutenção do estado nutricional nessa faixa etária.




Suplemento FDC triple Oil

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Descrição do Produto
            O triple Oil (90 cápsulas) é uma combinação de óleo de peixe, óleo de linhaça e óleo de                      borragem, ricos em ômega-3,6 e 9, respectivamente.



         As maiores fontes de ômega 3 são os peixes de águas frias e profundas, oleaginosas e óleo de               linhaça, ovos enriquecidos e leite fortificado. Contudo, isso não significa que comer peixe                   diariamente é a solução para todos os problemas, pois qualquer excesso acarreta prejuízos para           a saúde. Por ter um alto poder de oxidação o consumo de ômega 3 deve ser associado à                        ingestão  de vitaminas antioxidantes.1

 Um dos problemas de se trabalhar com o ômega 3 é sua instabilidade, pois se ocorrer a oxidação o produto alimentício pode apresentar odor e sabor de peixe. Atualmente uma forma de contornar esse problema pela técnica de microencapsulação, onde o ômega 3 é acondicionada na forma de pó, a oxidação é prevenida, aumentando a vida útil do produto. Esse não é o caso do produto descrito, que se apresenta em cápsulas gelatinosas com o óleo líquido dentro.
     Os ácidos graxos ômega 3 são essenciais para o funcionamento de dois órgãos importantíssimos: coração e cérebro. Seus principais benefícios são: diminuição das taxas de triglicerídeos e colesterol, redução da pressão arterial e a alteração de estruturas de membrana das células sanguíneas, tornando o sangue mais fluido. Além disso, os ácidos graxos EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA ( ácido docosahexaenóico) reduz risco de depressão pós parto e mudança de humor, além de melhorar a saúde durante e após a gravidez, reduz sintomas de dislexia, ADHD (desordem de atenção e hiperatividade deficitária) e outros sintomas de aprendizagem, comportamento e coordenação desordenada em crianças.
     No grupo de ácidos graxos pollinsaturados se encontram os ômega-6 especialmente em azeites vegetais (girassol, milho, soja) e em alimentos que os contenham, como conservas em azeite, entre outros, óleos de semente, bem como em cereais, óleos de borragem, óleos de semente de cassis e óleo de canola. Proveniente da dieta como ácido linoleico.
   O Ácido Gama Linoleico (GLA) na dieta ocidental é encontrado em baixas quantidades. As fontes mais concentradas não vêm de alimentos tradicionais, mas de óleos de sementes e microorganismos. No organismo, o GLA é convertido em uma substância chamada prostaglandina E1 (PGE1) que tem propriedades anti-inflamatórias, além de agir como um dilatador de vasos.
    Oléo de prímula, alimento que contêm GLA, pode melhorar coceira de pele, vermelhidão e secura associada com hemodiálise. A quantidade exata ideal de óleo de prímula por dia ainda é desconhecida. Pesquisadores normalmente usam entre 3g a 6g de óleo de prímula por dia, o que fornece aproximadamente 270 mg a 540 mg de GLA.
     Ácidos graxos ômega 9: são os ácidos graxos monoinsaturados nos quais a primeira dupla ligação se encontra no nono carbono a partir do grupo metil (CH3) do ácido graxo. Exemplo de  ácidos graxos ômega 9 é o ácido oleico.



Fundamentos Bromatológicos

 O produto Triple Oil da marca FDC é um suplemento alimentar de ômega 3, ômega 6 e ômega 9.  Porém, apenas os dois últimos são considerados essências para o organismo.



Composição:

ômega-3 (Ácido Eicosapentanóico - EPA).................... 226 mg
ômega-3 (Ácido Docosahexanóico - DHA).................... 148 mg
ômega-3 (Ácido Alfa – Linolênico - ALA).................... 412 mg
ômega-6 (Ácido Gama Linolênico) ................................ 152 mg
ômega-6 (Ácido Linolênico) ................................... 424 mg
ômega-9 (Ácido Oléico)........................................ 256 mg
Vitamina E ........................................... 6 mg


   A recomendação de ômega-3 segundo o National Institute of Health (1999) para uma dieta de 2000 Kcal deve ser de 2,22g de alfa-linolênico  por dia, dos quais 0,65g devem ser EPA e DHA.

Análise da Legislação referente ao produto

   Segundo a RDC nº 54/2012, houve a permissão do uso de alegações de fontes e de alto teor de ácidos graxos ômega 3.Apesar de reconhecer a relevância para a saúde do consumo de quantidades adequadas de ácidos graxos essenciais, a Gerência Geral de Alimentos (GGALI) entende que a mudança no cenário de utilização de ingredientes fontes de EPA e DHA requer o aperfeiçoamento das avaliações de risco conduzidas até o momento, para garantir que a adição desses ingredientes foi realizada de uma forma segura.
    O valor mínimo exigido pela RDC nº 54/2012 de EPA e DHA é de 40 mg (alimento fonte) por porção do alimento, dependendo da categoria do alimento.. E o valor máximo de conteúdo de EPA e DHA é de 80 mg por porção de alimento (alimento com alto conteúdo). Segundo essa RDC, para ser comercializado deve ser feito com alegação de propriedade funcional para esses nutrientes2, para esclarecer se o alimento é considerado fonte ou de alto conteúdo.  O valor mínimo para o ácido alfa-linolênico (ALA) é de 300 mg (alimento fonte) e de 600mg (alto conteúdo).  O valor mínimo de ácido Linolênico é de 1,5g por 100g e de 3g por 100g (em alimento com alto conteúdo). O valor mínimo de ácido oleico é de 2g (fonte) por 100g de alimento e mínimo de 4g por 100g para alimentos com alto conteúdo.

Discussão
   A porção do suplemento FDC Triple Oil é de 3,4g a quantidade de ALA, EPA e DHA que são ômega 3, estão dentro do limite mínimo. Com relação ao ômega 6 (ácido linolênico) e ômega 9 (ácido oleico) não chega ao mínimo exigido para ser considerado um alimento fonte ou de alto conteúdo. 

Conclusão
A conclusão é que tanto não existe risco, com relação as quantidades de nutrientes permitido pela ANVISA no Brasil, quanto não supre as necessidades mínimas da quantidade necessária.

Bibliografia:
1 - Ômega 3, 6 e 9. Entenda as diferenças e seus benefícios à saúde
2 – ANVISA, Informe técnico nº 63, de 3 de outubro de 2014. Esclarecimentos sobre adição de ingredientes fontes de EPA e DHA em alimentos e bebidas.
3 – ANVISA, Portal da ANVISA. http://portal.anvisa.gov.br/alimentos/alegacoes Acessado em 02 de dezembro de 2017
4 – ANVISA, RDC nº 54/2012

Benefícios do uso do colágeno hidrolisado

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A ingestão de colágeno hidrolisado impede o avanço de doenças osteoarticulares? Como?

O colágeno hidrolisado tem em sua composição alto nível dos aminoácidos glicina e prolina, dois aminoácidos essenciais para a estabilidade e regeneração das cartilagens. Além disso, aumenta a concentração de hidroxiprolina no sangue, aminoácido derivado da prolina abundante na matriz óssea, tornando atraente para o tratamento de osteoartrite e osteoporose.


DESCRIÇÃO DO PRODUTO

O MOTILEX possui como princípio ativo o colágeno hidrolisado enriquecido com vitamina C, disponível em sachê de 3g e cada embalagem possui a quantidade de 30 sachês; é comercializado no sabor framboesa e na versão sem sabor. É um suplemento à base de colágeno e tem como indicação terapêutica estimular a produção de colágeno e proporcionar a regeneração da cartilagem. Não contém sódio, açúcar, lactose e glúten. É comercializado em redes de drogarias ao preço de aproximadamente R$ 100,00 caixa. De acordo com o fabricante, MOTILEX é considerado superior a todas as demais opções disponíveis no mercado.

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS




“O colágeno é a proteína mais abundante no organismo animal representando cerca de 25% de toda proteína corporal. Sua composição aminoacídica é bastante atípica sendo deficiente em todos os aminoácidos considerados nutricionalmente essenciais com o agravante de não apresentar o triptofano em sua composição, dessa forma, o seu valor nutritivo, com base no escore de aminoácidos essenciais (EAE), poderá ser considerado zero. Por outro lado, várias pesquisas têm mostrado a importância do colágeno e seus derivados na manutenção e reconstituição da pele, dos ossos, dos tecidos cartilaginosos e da matriz extracelular (MEC).”(ZIEGLER; SGARBIERI, 2009)

Com o início da fase adulta, a deficiência de colágeno começa a ser notada, pois o organismo diminui sua produção, sendo necessária a sua suplementação, ou seja, fatores associados ao envelhecimento, fragmentação da matriz de colágeno na derme por ação da metaloproteinase da matriz diminui a produção de mais colágeno, e a alimentação inadequada podem afetar a demanda de colágeno no corpo, podendo acarretar no desenvolvimento de disfunções ósseas e nas articulações como:

“A osteoporose (OP) de causa multifatorial, caracterizada pela redução de massa óssea e deterioração da integridade anatômica e estrutural do osso, levando ao aumento da fragilidade óssea e suscetibilidade a fraturas; [...] e a osteoartrite (OA), doença articular mais prevalente que evolui lentamente ao longo de décadas com episódios de dor até chegar à perda de função da articulação.” (PORFÍRIO; FANARO, 2016)

São pelo menos 27 isoformas de proteínas, que exercem funções importantes no corpo humano. O colágeno tipo I é o mais abundante (encontrado na pele, nos ossos e nos tendões, de todos é o mais resistente à tensão)e é constituído de três cadeias polipeptídicas, duas α1 e uma α2, e a partir dela são obtidos o colágeno parcialmente hidrolisado (gelatina) e o colágeno hidrolisado. Já o colágeno tipo II, produzido pelos condrócitos são encontrados em outras cartilagens. E suas fibras sustentam o reforço tensional das articulações.

“O colágeno pode ser obtido de diversas espécies animais (bovinos, suínos, peixes, etc.). No Brasil, a maior parte do colágeno é proveniente dos subprodutos da indústria de carne, em função da elevada produção brasileira de carne para exportação.”(SILVA; PENNA, 2012). No processo tecnológico, o colágeno hidrolisado é obtido a partir da hidrólise química e enzimática do colágeno em sua forma bruta, na forma de fibras ou pó, sob condições controladas, agregando uma molécula de água a sua estrutura, sendo assim mais rapidamente absorvido pelo organismo. A diferença entre o colágeno hidrolisado e a gelatina é que o colágeno hidrolisado não possui processo de gelificação.

O colágeno hidrolisado é classificado como um alimento nutracêutico (substâncias que podem atuar como adjuvantes na prevenção e tratamento de doenças crônicas) seguro e com efeitos adversos reduzidos, cuja composição de aminoácidos apresenta níveis elevados de glicina e prolina, que quando bem digeridos, acumulam-se, preferencialmente, na cartilagem.

O produto MOTILEX é um suplemento aprovado pela ANVISA, e de acordo com a RDC 27/2010, é classificado como produto isento de Registro. Conforme descrito no rótulo, apresenta além do colágeno hidrolisado, a vitamina C, que possui dentre os efeitos a participação no processo celular de oxirredução, na biossíntese de catecolaminas, na prevenção do escorbuto, exerce papel fundamental na defesa do organismo contra infecções, e é essencial na formação das fibras de colágeno no corpo humano. Uma redução no consumo de vitamina C pode gerar alterações estruturais no colágeno e a formação deficiente da MEC, prejudicando desta maneira, o bom funcionamento articular (Fain, 2005) (SOUZA, 2012).

“O predomínio de aminoácidos como glicina, prolina, lisina, hidroxiprolina, hidroxilisina e alanina, e a ausência da maioria dos aminoácidos essenciais como o triptofano, faz com que o colágeno seja considerado uma fonte proteica pobre para a dieta humana. Por outro lado, o colágeno é um exemplo claro do relacionamento da estrutura proteica e a função biológica, pois fornece resistência e elasticidade nas estruturas anatômicas na qual está presente. Assim, a falta de aminoácidos essenciais do colágeno não o torna inutilizável, pois suas frações apresentam um importante papel na dieta humana por serem consideradas fontes de fibras nutritivas e por constituírem uma fonte de proteína animal. […] Diversos trabalhos evidenciaram os benefícios da ingestão de colágeno hidrolisado para o organismo: i) melhoria da firmeza da pele; ii) proteção dos danos das articulações; iii) melhoria no tratamento da osteoporose; iv) prevenção do envelhecimento; v) anti-hipertensivo; e vi) proteção contra úlcera gástrica.”(SILVA; PENNA, 2012)

Portanto, o colágeno hidrolisado tem função terapêutica positiva na OP e na OA, mas não está incluso na lista do RENAME e não há protocolos para inclusão na lista de medicamentos/suplementos de alto custo para o tratamento da OA. Apesar disso, diversos estudos foram realizados para avaliar sua aplicação como ingrediente funcional em alimentos, mostrando eficiência na diminuição de dores articulares e melhora da mobilização de pacientes com vários graus de OA e OP. Como explicado anteriormente, o colágeno hidrolisado não apresenta poder de gelatinização, sendo de fácil manuseio e útil no preparo de diversos alimentos em conjunto com a gelatina.

“Os resultados obtidos foram bastante satisfatórios, tanto para os atributos sensoriais analisados como para a aceitação global dos produtos. Os atributos cor, odor, sensação na boca e textura receberam notas elevadas, assim como a aceitação global dos produtos, uma vez que os provadores não perceberam a adição de gelatina e de colágeno hidrolisado na sobremesa. O estudo mostrou a viabilidade de produção das sobremesas como fonte de colágeno hidrolisado. O consumo de 3 g de gelatina e 7 g de colágeno hidrolisado, totalizando 10 g por dia, é benéfico contra doenças como a osteoartrite e a osteoporose.” (SILVA; PENNA, 2012)


LEGISLAÇÃO

 De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), são atribuídos ao produto MOTILEX a RDC Nº 27, DE 6 DE AGOSTO DE 2010, que dispõe sobre as categorias de alimentos isentos da obrigatoriedade de registro sanitário. A RDC N° 18 DE 30 DE ABRIL DE 1999, que dispõe as diretrizes básicas para análise e comprovação das propriedades funcionais e/ou de saúde que foram atribuídos ao rótulo do produto. A RESOLUÇÃO Nº 19, DE 30 DE ABRIL DE 1999, que aprova o Regulamento Técnico de procedimentos para registro de alimento com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde em sua rotulagem. O DECRETO-LEI N° 986, DE 21 DE OUTUBRO DE 1969, dispõe em defesa e a proteção da saúde individual ou coletiva, no tocante a alimentos, desde a sua obtenção até o seu consumo em todo território nacional.

CONCLUSÃO

De acordo com a RDC N° 27, o MOTILEX é caracterizado por ser um produto isento de registro sanitário, e seu rótulo é bem cuidadoso ao descrever apenas do que se trata o produto e suas características secundarias favoráveis como: o enriquecido com vitamina C, isento de sódio, açúcar e glúten. Porém, o marketing é categórico ao descrever o MOTILEX como um produto que atua auxiliando na manutenção e reposição da cartilagem e com ação na osteoporose. Diversos estudos têm demonstrado que o colágeno hidrolisado tem função terapêutica positiva na osteoporose, entretanto, mais estudos são necessários para determinar quando seria recomendado o uso do produto, dosagem adequada para alcançar significativo potencial terapêutico além de possíveis doses subletais e interação (antagonismo) com outros suplementos e/ou medicamentos.

Apesar de não ser observado na embalagem do produto MOTILEX, outro produto similar com a mesma composição trás informações adicionais sobre a contraindicação do uso de colágeno hidrolisado, e julgamos ser de extrema importância, uma vez que o produto é direcionado principalmente para pessoas idosas as quais possuem mais de uma limitação acompanhada pelas doenças crônicas.

“A administração de colágeno hidrolisado em pó não é recomendada para pessoas portadoras de doenças renais e hepáticas como níveis elevados de ácido úrico, pois o excesso de colágeno é excretado na forma de ureia.”

Dessa maneira, mesmo o MOTILEX sendo um produto comercializado livremente, é importante que o consumidor esteja ciente dos riscos e benefícios de sua suplementação, e essas informações devem ser bem esclarecidas no rótulo do produto, o que não foi observado. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PORFÍRIO, Elisângela; FANARO, Gustavo Bernardes. Collagen supplementation as a complementary therapy for the prevention and treatment of osteoporosis and osteoarthritis: a systematic review.Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia,[s.l.], v. 19, n. 1, p.153-164, fev. 2016. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1809-9823.2016.14145.

SILVA, Tatiane Ferreira da; PENNA, Ana Lúcia Barretto. Colágeno: Características químicas e propriedades funcionais.Rev Inst Adolfo Lutz.,São José do Rio Preto, v. 3, n. 71, p.530-539, jun. 2012.

SOUZA, Kilze Malaquias de. Efeito da ingestão crônica de uma bebida a base de colágeno hidrolisado, enriquecido com vitamina C sobre a percepção de dor articular em indivíduos idosos praticantes de atividade física.2012. 54 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação Física, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento, Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2012.

ZIEGLER, Fabiane La Flor; SGARBIERI, Valdemiro Carlos. Caracterização químico-nutricional de um isolado protéico de soro de leite, um hidrolisado de colágeno bovino e misturas dos dois produtos. Revista de Nutrição,Campinas, v. 1, n. 22, p.61-70, jan. 2009.

Site: Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.  <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2010/res0027_06_08_2010.html>. Data de acesso: SETEMBRO/2017.


Alunos:  Carlos Luan Alves Passos DRE 113100739

              Nathalia Caldas de Oliveira Soares DRE 113049276

O uso racional de suplementos energéticos por atletas

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Descrição do produto: O produto Maltodextrin, da BodyAction,é comercializado como suplemento para atletas. Composto por carboidratos complexos, é importante para a reposição energética dos atletas. No entanto, seria o uso deste produto benéfico e qual seria o modo correto de utilização, sem que cause danos à saúde dos indivíduos? 

Fundamentos bromatológicos: 

Fonte: http://www.madrugaosuplementos.com.br/maltodextrina-1kg-body-action/ 

Este produto é composto basicamente por maltodextrina, um carboidrato complexo. Estes carboidratos são hidrolisados por enzimas do organismo para a produção de energia. Para que os atletas consigam a quantidade de energia necessária para o desempenho das atividades físicas, é necessário a disponibilidade de carboidratos no tecido muscular e tecido nervoso, o qual aceita como fonte de energia apenas glicose.
Este produto é altamente utilizado por apresentar baixo custo e ser acessível a população. 
Caso a relação entre a ingestão e o gasto apresentar um balaço energético negativo, isto é, a quantidade energética ingerida for menor que a gastada para realização do metabolismo corporal e atividades físicas, o atleta poderá sofrer alterações corporais, e, como consequência,  perderá massa muscular Devido à necessidade de um aporte maior pelos atletas é comum que haja a ingestão de suplementos, sejam estes consumidos antes, durante ou após a atividade física. No entanto, se o consumo de Maltodextrin for superior à quantidade necessária para os treino, o indivíduo sofre ganho de peso, o que pode desencadear grandes danos à saúde.  


Legislação: A Resolução de Diretoria Colegiada – RDC Nº 18, DE 27 DE ABRIL DE 2010 - dispõe sobre alimentos para atletas. O Maltodextrin foi formulado para  auxiliar os atletas a atender suas necessidades nutricionais específicas e auxiliar no desempenho dos exercícios. Conforme o artigo 4 desta legislação, atleta é definido como praticantes de exercício físico com especialização e desempenho máximos com o objetivo de participação em esporte com esforço muscular intenso; e  suplemento energético para atletas é definido como produto destinado a complementar as necessidades energéticas. O produto Maltodextrin está enquadrado na definição de suplementos energéticos para atletas. 
No artigo número 7 desta RDC estão descritos os requisitos mínimos que estes produtos devem conter:
l - o produto pronto para consumo deve conter, no mínimo, 75% do valorproveniente dos carboidratos; 
II - a quantidade de carboidratos deve ser de, no mínimo, 15 g na porção do produto pronto para consumo; 
III - este produto pode ser adicionado de vitaminas e minerais, conforme Regulamento Técnico específico sobre adição de nutrientes essenciais; 
IV - este produto pode conter lipídios, proteínas intactas e ou parcialmente hidrolisadas; 
V - este produto não pode ser adicionado de fibras alimentares e de não nutrientes. 

Discussão e Conclusão: O Maltodextriné um produto comercializado de acordo com as exigências da legislação. Apresenta alto índice glicêmico.  Por isso deve ser consumido com consciência dos riscos de seu uso abusivo e de acordo com a quantidade necessária nos treinos. Se consumido em excesso, o indivíduo sofre ganho de peso,o que pode levar ao desenvolvimento da obesidade. Este produto deve ser consumido conforme as orientações de um nutricionista e em quantidades adequadas aos tipos de atividade física praticadas durante o pré ou pós-treino.

Referências:

Fontan J. N.; Amadio M. B. (2015).Use of carbohydrate before physical activity as ergogenic aid: a systematic review.  Rev Bras Med Esporte – Vol. 21: 153-157.

Por Camila P. Tavares e Débora Duarte.

Stimulance Multi Fiber (da marca Danone)

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Indagação:É mesmo necessária a ingestão desse produto para atingir a recomendação diária de fibras?

Hipótese:No Brasil, de acordo com nossos hábitos alimentares, em apenas 3 refeições diárias como por exemplo café da manhã (3,8 g do pão francês e 1,48 g do mamão), almoço (2,88 g do arroz , 5,83 g do feijão, 2,99 g da batata, 0,31 g do alface e 0,45 g do tomate) e jantar (2,88 g do arroz, 5,83 g do feijão, 0,69 g do agrião e 0,80 g da laranja sem bagaço) é possível atingir e até ultrapassar um pouco a recomendação de ingestão diária de fibras através do consumo de frutas, grãos, legumes e verduras.

Descrição do produto: De acordo com a embalagem, Stimulance é um mix de fibras da Danone que contém 6 tipos de fibras de origem natural sendo 3 solúveis e 3 insolúveis. A sugestão de consumo é de 1 (5 g) a 3 (15 g) sachês por dia em diversas preparações como: iogurte, frutas, sopas, saladas, vitaminas e shakes. Não possui sabor.  Na embalagem ainda consta uma observação: Usar sob orientação de nutricionista e/ou médico. O consumo do produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos, uma alimentação equilibrada e a prática de atividades físicas regularmente.
Ingredientes: polissacarídeos de soja, inulina, amido resistente, goma arábica , oligofrutose, celulose. Não contém glúten.
Informação nutricional por 5g (1 sachê) ; Valor energético 3kcal =14 kJ; Carboidratos 0,6 g ; Fibra alimentar 3,8 g ; Sódio 3,3 mg ; Potássio 16 mg; Cálcio 17 mg; Fósforo 3,8 mg ;
Em média custa  R$ 50,00 uma caixa com 14 sachês (5 g cada) .  

Legislação: A recomendação da ANVISA no Brasil é de 25 g/dia, para um adulto saudável.


Fundamentos Bromatológicos: As fibras alimentares não são absorvidas pelo organismo, auxiliam o funcionamento do intestino e estão presentes em frutas, vegetais, legumes e grãos. São classificadas como solúveis e insolúveis. As solúveis formam um gel que retardam o esvaziamento gástrico e diminuem o ritmo de absorção de nutrientes. As insolúveis aceleram a passagem pelo intestino, aumenta o volume fecal por absorverem o líquido e é eficiente contra a constipação. Porém, o consumo exagerado de fibras, não associado à ingestão de líquidos, leva a formação de fezes duras que dificulta o funcionamento do intestino e também prejudica a absorção de nutrientes importantes para o corpo como, por exemplo, minerais como zinco, cálcio e ferro.

Por Bárbara Muller Gonçalves. 

Uso seguro de cápsulas de ômega 3 (Óleo de peixe).

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Tema : Uso seguro de cápsulas de ômega 3 (Óleo de peixe).  

Descrição do produto:
As cápsulas de óleo de peixe, compreendem em isolados de ácidos graxos ômega 3 (recebem essa nomenclatura de acordo com as regras da IUPAC referentes às suas insaturações) que são uma classe essencial de ácidos graxos poliinsaturados (AGPIs). Os ácidos graxos ômega 3 clinicamente importantes incluem: ácido (α) linolênico (LNA), ácido eicosapentanoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). Esses ácidos graxos são tidos como essenciais, isso é, nosso organismo não o produz, sendo necessária a ingesta desses na alimentação.
As perguntas que ficam a rodear o tema são : Seria seguro o uso indiscriminado de ômega 3 por idosos? Populações que não consomem alimentos de origem animal poderiam substituir o consumo dos mesmos (ex.: frutos do mar) por essas cápsulas? Até onde pode ser prejudicial ao paciente o livre acesso ao produto?

 Fundamentos Bromatológicos:

O FDA estabeleceu que o consumo diário de EPA e DHA não deveria exceder 3 g/dia devido a possíveis efeitos adversos sobre o tempo de sangramento, controle glicêmico e níveis de colesterol de baixa densidade (LDL). Em função das estimativas de ingestão de EPA e DHA a partir de alimentos, foi estabelecido que os suplementos não poderiam ser comercializados com uma recomendação de consumo diário superior a 2 g/dia.2

O NHMRC (National Health and Medicine Research Councill) estabeleceu um limite máximo diário de 3 g/dia para EPA, DHA e DPA a partir de evidências que sugerem que quantidades mais elevadas podem impactar negativamente na resposta imune.1

Um estudo recente de Brasky e Colaboradores (2013), publicado no Journal of the National Cancer, relaciona quantidades muito altas de ômega 3 no organismo com a maior incidência de câncer de próstata, sendo esta relação ainda não muito bem esclarecida, devendo ser melhor investigada em outros estudos.3

O rótulo da embalagem (MAXINUTRI® com 120 cápsulas) de ômega 3, especifica que 1 cápsula contém 1000 mg de ômega 3, correspondendo à administração de 2 cápsulas/dia. Entretanto não é veiculada qualquer informação a respeito dos riscos do exagero ao tomar tais cápsulas. Afinal, uma embalagem com tantas amostras, passam a falsa impressão de que quanto mais se ingere ômega 3, melhor.


Legislação:

A RDC 54/2012 define como INC (Informação Nutricional Complementar), qualquer representação que afirme, sugira ou implique que um alimento possui propriedades nutricionais particulares, especialmente, mas não somente, em relação ao seu valor energético e/ou ao seu conteúdo de proteínas, gorduras, carboidratos e fibra alimentar, assim como ao seu conteúdo de vitaminas e minerais. Também leva-se e consideração as exigências de comprovação de eficácia e segurança de uso, dispostas na RDC 18/99.
Com base nisso, o rótulo apresenta valores dentro dos preconizados pelas unidades competentes como porções diárias (3 cápsulas = 540mg de EPA por exemplo), entretanto não há qualquer informação referente aos riscos do uso exacerbado do produto. De acordo com a legislação, apenas a RDC 54/2012 está sendo respeitada.


Discussão e Conclusão

Muito se discute ultimamente a respeito de uma alimentação saudável e envelhecer com saúde. Tópicos clichês (porém não tão equivocados) veiculados pelas mídias frequentemente vem a tona como foco de importância, como por exemplo : “Combate aos radicais livres” ou “melhorar colesterol”. É verdade que esses tópicos sejam relevantes no quesito envelhecer bem, porém a população acaba por confundir o uso das cápsulas de ômega 3. Muitas das vezes o indivíduo acredita estar fazendo uso de um medicamento (que sanaria por completo seus problemas) e não vê essas cápsulas como mero auxílio nutricional. Dessa forma, cria-se a ilusão de que tomar ômega 3 em algum período do dia, livra a pessoa de outras práticas, como regrar uma dieta ou praticar exercícios físicos e assim, pode ser que o uso de ômega 3 isolado, torne-se um inimigo ao invés de um aliado quando se trata de envelhecer com qualidade.

Porém, popularmente não se conhecem muitas outras fontes do ômega 3 se não peixes e algas. Pessoas que não tem o hábito de comer frutos do mar (por qualquer razão, seja por não gostar ou quiçá morar longe do litoral) tem as funções fisiológicas dependentes desse ácido graxo comprometidas e quando se trata de envelhecer com saúde pior é o quadro, uma vez que esse óleo tem função primordial no combate aos radicais livres, fator crítico no envelhecimento.
Ainda em tempo, ressalta-se também o metabolismo de lipídeos, que já na meia idade começa a se tornar deficitário. Essa discussão quase que convence que é extremamente seguro tomar indiscriminadamente cápsulas de óleo de peixe, pois “veja bem! Um produto ‘natural’ que atende às carências nutricionais e energéticas! Como isso pode me fazer mal?”. O mal está justamente no uso solo do produto. Aprendemos durante nossa graduação em qualquer área de saúde, que nunca uma intervenção farmacoterapêutica é o suficiente, sempre é necessário o que chamamos de PIC (Práticas Integrativas Complementares), que consistem em atividades físicas por exemplo.
Não estamos falando de um produto seguro como algumas plantas medicinais de baixo índice terapêutico. Estamos falando de um produto industrializado referente a um dos macronutrientes mais debatidos na saúde idosa : as gorduras.
De nada adianta a administração de cápsulas de ômega 3, se em paralelo não é feito um exercício físico ou se mantém uma dieta balanceada. De nada adianta a administração de ácidos graxos que colaboram para a elevação de HDL, se os hábitos sociais/alimentares convergem para a elevação de LDL. Em suma, de nada adianta a suplementação sem informação. Vejamos que até agora, no presente trabalho, não foi citada uma consulta com um médico/farmacêutico/nutricionista, pois esses produtos são vendidos livremente em farmácias (e claro, por um valor elevado, pois o público alvo são em maior parte idosos de classes econômicas mais altas, que não tem mais muito com o que se preocupar se não a saúde).
Isso é tão verdade, que não é raro um paciente usuário de estatinas (anti-dislipidêmicos) omitir do seu médico que faz uso de óleo de peixe e afins. Não que haja qualquer interferência na terapêutica, mas é uma informação importante uma vez que o campo de atuação dos dois produtos é o mesmo.
A eficácia e segurança do uso do óleo de peixe depende diretamente de outras praticas cotidianas e essa informação tão importante, não consta no rótulo do produto de forma clara (quando consta).
Comumente, médicos também desinformados a respeito dos riscos do uso exacerbado de ômega 3, receitam o uso de duas cápsulas em cada refeição (totalizando 4 cápsulas por dia, o dobro do limite máximo diário preconizado na literatura). Ironicamente, uma pessoa leiga, sem prescrição provavelmente não tomaria 4 cápsulas ao dia até mesmo pelo tamanho das mesmas, sendo nesse caso então um erro também profissional, motivado pela falta de informação científica no meio.

É fato que uma alimentação balanceada sempre será a melhor escolha, tanto economicamente quanto clinicamente. Se chegar ao ponto da necessidade da suplementação, há algo errado ou com a fisiologia ou com a alimentação do paciente. De qualquer forma, sempre é necessário procurar um profissional competente para sanar qualquer dúvida e orientar corretamente o indivíduo. Também é de responsabilidade do profissional, procurar se informar a respeito de qualquer informação relacionada ao uso de qualquer produto. Não significa que o consumo de ômega 3 tenha a necessidade de prescrição, porém quando a propaganda desses produtos (que seja na embalagem) for veiculada, deve ser evidenciado a necessidade de se consultar com um profissional ou explicitar os riscos de se ultrapassar os limites máximos diários. Dessa forma, a eficácia e segurança do uso desse produto estarão garantidas, bem como a saúde do paciente.

Referências:

1.     National Health and Medical Research Council. Nutrient Reference Values for Australia and New Zealand Including Recommended dietary intakes. 2006, 332p.

2.     Food and Drug Administration. Letter Regarding Dietary Supplement Health Claim for Omega-3 Fatty Acids and Coronary Heart Disease. 2000, 34p.

3.     Brasky T. M., et al. Plasma Phospholipid Fatty Acids and Prostate Cancer  Risk in the SELECT Trial. Journal of the National Cancer Institute. 2013; 105 (15): 1132-1141.

4.     Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Gerência Geral de Alimentos. Guia para Comprovação da Segurança de Alimentos e Ingredientes. 2013. Disponível em: http://s.anvisa.gov.br/wps/s/r/ev

5.     Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 54, de 12 de novembro de 2012. Dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre Informação Nutricional Complementar. Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 13 de novembro de 2012.

6.     Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução n. 16, de 30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para Registro de Alimentos e ou Novos Ingredientes, constante do anexo desta Portaria. Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 3 de dezembro, de 1999.

Cevada torrada e moída SUPERBOM - 500G

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AUTORES: RAFAEL DEIRÓ E RICARDO ADAME


Tema

Cevada torrada e moída SUPERBOM - 500G





Indagação

Porque dizem que a cerveja faz mal a saúde se o café de cevada, que é a cevada torrada e moída e presente na cerveja, faz bem para a saúde?

Hipótese

O problema na cerveja é não beber com moderação. Assim como outro alimento qualquer, tudo depende da dose que irá consumir. 
O malefício da cerveja, em excesso, seria as altas taxas calóricas e a presença de álcool que pode causar efeitos indesejáveis já conhecidos da substância, e nada tem a ver com a cevada, que é um cereal altamente benéfico, que tem propriedades nutritivas, pois é rico em fibra alimentar e também minerais e vitaminas, como manganês, selênio, cromo, cobre, magnésio, vitamina B1, B2 e B3.


Descrição do Produto

Cevada torrada e moída SUPERBOM - 500G. Uma alternativa muito recomendada e bastante saudável é a substituição do café pela cevada, que é um dos cereais mais produzidos no mundo, com diversas aplicações e uma longa carga de propriedades nutricionais. Rica em carboidratos, fibras, vitaminas do complexo B e mineral selênio e magnésio (utilizado na formação dos ossos e na liberação de energia dos músculos). A forma “torrada e moída” favorece o preparo da bebida de um jeito praticamente igual ao do café. Muitos garantem que essa é a configuração mais indicada de substituição, já que a cevada não contém cafeína (um dos componentes mais condenados da bebida) em sua composição. Abaixo segue a informação nutricional do produto:

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
PORÇÃO 1,7 G
% VD(*)
VALOR CALÓRICO
5 Kcal
2%
CARBOIDRATOS
1 G
0,70%
PROTEÍNAS
0 G
0%
GORDURAS TOTAIS
0 G
0%
GORDURAS SATURADAS
0 G
0%
GORDURAS TRANS
0 G
**
FIBRA ALIMENTAR
1 G
3%
SÓDIO
0 G
FERRO
0 MG
0%
*VALORES DIÁRIOS COM BASE 2.000 Kcal

  

Fundamentos Bromatológicos

Devido à presença de minerais, vitaminas e alto teor de fibra alimentar, ele é altamente nutritivo, com isso é ótimo como suplemento nutricional. O magnésio é um mineral utilizado na formação dos ossos e na liberação de energia dos músculos e o selênio é um antioxidante que ajuda a proteger as células e o organismo todo. Pelo teor de fibras, os integrais são incluídos na categoria dos alimentos funcionais, pois sua utilização dentro de uma dieta equilibrada pode ajudar no funcionamento do intestino, redução do colesterol, da glicose sanguínea e do risco de algumas patologias. A ingestão de fibras também é recomendada para quem quer perder peso. O alto teor de ingestão de fibras promove melhor aproveitamento dos nutrientes ingeridos e dá sensação de saciedade, o que reduz a fome.


Legislação

Resolução RDC nº 277, de 22 de setembro de 2005 aprova o "REGULAMENTO TÉCNICO PARA CAFÉ, CEVADA, CHÁ, ERVA-MATE E PRODUTOS SOLÚVEIS". 

ANEXO

1. ALCANCE
Fixar a identidade e as características mínimas de qualidade a que devem obedecer Café Torrado, Cevada Torrada, Chá, Erva-Mate e Produtos Solúveis. Excluem-se deste Regulamento os produtos obtidos de espécies vegetais com finalidade medicamentosa e ou terapêutica. 

2. DEFINIÇÃO 
2.5. Cevada Torrada é o grão beneficiado da espécie Hordeum vulgaris L., dessecado e submetido à torrefação. Pode ser adicionado de aroma, exceto aroma de café. 

5. REQUISITOS ESPECÍFICOS
5.1. Umidade
- Cevada Torrada: máxima 5,0% (g/100 g).


REQUISITOS GERAIS:

6. REQUISITOS GERAIS
6.1. Os produtos devem ser obtidos, processados, embalados, armazenados, transportados e conservados em condições que não produzam, desenvolvam e ou agreguem substâncias físicas, químicas ou biológicas que coloquem em risco a saúde do consumidor. Deve ser obedecida a legislação vigente de Boas Práticas de Fabricação.
6.2. Os produtos devem atender aos Regulamentos Técnicos específicos de Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia de Fabricação; Contaminantes; Características Macroscópicas, Microscópicas e Microbiológicas; Rotulagem de Alimentos Embalados; Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, quando for o caso; Informação Nutricional Complementar, quando houver; e outras legislações pertinentes. 
6.3. As espécies vegetais utilizadas para a obtenção dos produtos não podem ser previamente esgotadas no todo ou em parte, exceto para a obtenção dos produtos descafeinados.
6.4. A utilização de espécie vegetal e partes de espécie vegetal que não são usadas tradicionalmente como alimento, pode ser autorizada, desde que seja comprovada a segurança de uso do produto, em atendimento ao Regulamento Técnico específico.

7. REQUISITOS ADICIONAIS DE ROTULAGEM
7.1. Não é permitida, no rótulo, qualquer informação que atribua indicação medicamentosa ou terapêutica (prevenção, tratamento e ou cura) ou indicações para lactentes. 

Pela análise feita do produto, tudo indica de que está conforme a legislação citada acima.


Discussão

Já como primeiro benefício é que a cevada não contém cafeína. A farinha da cevada verde ajuda na digestão, pois possui uma fibra que age como estimulante do organismo além de possui ação diurética, eliminando os líquidos que causam o inchaço no corpo.
Quem aderiu às dietas restritivas podem substituir a farinha de trigo pelo farelo da cevada. Pensa que acabou por aqui, vamos conferir os outros quatro principais benefícios que a cevada traz para seu organismo:
·         Rico em vitaminas e minerais
A cevada é rica em vitaminas A, B, C e K e possui minerais como cálcio, selênio, cobre, zinco, fósforo além de mais 20 aminoácidos que são essenciais para manter o bom funcionamento do organismo. 
·          Cevada emagrece
Devido a alta concentração de vitamina B12 em sua composição, o metabolismo fica acelerado ajudando no processo de emagrecimento, pois aumenta a produção de energia para que o corpo gaste. Além disso, a cevada melhora a circulação sanguínea, o que também resulta no aumento da produção de energia das células.
·          Controle hormonal
A cevada é uma ótima aliada no controle hormonal, já que é rica em iodo que atua diretamente nas glândulas da tireóide. 
·         Benefícios para o corpo e para o cabelo

A cevada possui diversas propriedades que auxiliam na regeneração das células da pele devolvendo a sua elasticidade e hidratação. O reforço da estrutura celular do cabelo é concedido pelo fósforo. A biotina estimula o crescimento do cabelo e das unhas enquanto a clorofila atua como desintoxicante do organismo.



Conclusão

O consumo maléfico da cerveja está relacionado com o exagero pela presença de álcool em longo prazo e também de alta quantidade de carboidratos, podendo acarretar em ganho de peso, sendo que nela existe a presença de um nutriente altamente benéfico, o malte da cevada. Quem usa a cevada ao invés do café tem muitas vantagens. Uma delas é sua ação antioxidante, que inibe o aparecimento de vários tipos de câncer e doenças cardiovasculares. Outra grande vantagem é que a cevada não possui cafeína, um ingrediente ativo do café. Não podemos ignorar que a cafeína também possui propriedades benéficas para o organismo. Mas o grande problema é que a cafeína vicia, sendo que o seu consumo em doses elevadas poderá provocar tremores involuntários, bem como aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.


Referências bibliográficas: 

1.    Resolução RDC nº 277, de 22 de setembro de 2005 que aprova o "REGULAMENTO TÉCNICO PARA CAFÉ, CEVADA, CHÁ, ERVA-MATE E PRODUTOS SOLÚVEIS". 

2.    KUNZE, W. (1999). Technology Brewing and Malting (2.ª ed.). Berlim (Alemanha): VLB Berlin.

3.    FERNANDES, E. (2015). O livro das cervejas - Super bock. UNICER.

4.    AQUARONE, Eugênio; BORZANI, Walter; SCHMIDELL, Willibaldo; LIMA, Urgel de A. Biotecnologia Industrial: Biotecnologia da produção de alimentos. São Paulo: Edgard Blucher, 2008.

Psylliumax Cápsulas e Diabetes Mellitus do tipo 2

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Psylliumax Cápsulas - Quais os efeitos no controle glicêmico de pacientes diabéticos tipo 2?



Descrição do produto: Psylliumax é um produto a base de psyllium, uma fibra extraída da casca da semente da planta Plantago ovatae. É ricamente composto por fibras solúveis, que proporcionam saciedade, auxiliam no emagrecimento, ajudam no controle do colesterol total e melhoram o desempenho do intestino. Seu principal mecanismo visa auxiliar na redução da absorção de gordura no organismo e seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.
Sugere-se a ingestão de 7 cápsulas ao dia, antes da principal refeição.

Fundamentos Bromatológicos  e Legislação:


O Psyllium é uma fibra solúvel, este tipo de fibra também pode ser encontrada em aveia, ervilhas, feijões, maçãs, frutas cítricas, cenouras e cevada. Se enquadra na Resolução n. 19, de 30 de abril de 1999 da Anvisa, por ser um alimento com alegação de propriedades funcionais e ou de saúde. De acordo, com a Anvisa, alegação de propriedade funcional é aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções normais do organismo humano e a alegação de propriedade de saúde é aquela que afirma, sugere ou implica a existência de relação entre o alimento ou ingrediente com doença ou condição relacionada à saúde. O psyllium só pode ser definido no rótulo como um adjuvante de emagrecimento desde que a porção diária pronta para consumo do produto seja de no mínimo 3g.

PSILLIUM OU PSYLLIUM
Alegação
“O psillium (fibra alimentar) auxilia na redução da absorção de gordura. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis”.
Requisitos específicos
Esta alegação pode ser utilizada desde que a porção diária do produto pronto para consumo forneça no mínimo 3g de psillium.


Discussão e Conclusão: O uso deste tipo de fibra é indicado para pacientes que buscam a perda de peso, e além disso, devido a alguns de seus mecanismos pode ser utilizado no tratamento e controle da diabetes do tipo 2. O psyllium é um exemplo de fibra solúvel, que quando em água, forma um gel viscoso, que aprisiona os nutrientes, impedindo a ação das enzimas digestivas e sua absorção. Ele reduz o pico de glicose pós prandial e os níveis de hemoglobina glicada HbA1c, já que impede a absorção da glicose, e melhora a sensibilidade das células à ação da insulina. Além disso tem efeitos no colesterol, diminuindo tanto o colesterol total quanto o LDL. Logo, o Psyllium merece atenção como possível suplemento dietético para pacientes portadores de diabetes tipo 2, já que demonstra resultados positivos no controle glicêmico. 

Referências:

1. Abutair, AS et al. Soluble fibers from psyllium improve glycemic response and body weight among diabetes type 2 patients (randomized control trial). Nutrition Journal, 2016;15(1): 1-7.

2. PastorsJ.G et al. Psyllium fiber reduces rise in postprandial glucose and insulin concentrations in patients with non-insulin-dependent diabetes. American Journal of Clinical Nutrition, 1991;53(6):1431-1435

Por Aline Cisneiros Figueiredo.

Farelo de aveia pode causar carência nutricional?

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Autores: Lucas Machado Ascari e Raíssa da Silva Alves

FARELO DE AVEIA


Descrição
O farelo de aveia é um alimento funcional com alta quantidade de fibras e fitato e baixa quantidade de amido e fitase. Uma vez que o fitato forma complexos insolúveis com cátions polivalentes, como cálcio e magnésio, o grande consumo desse produto poderia reduzir a absorção intestinal desses íons, provocando carência nutricional.

Fundamentos bromatológicos
O farelo de aveia consiste no tegumento das sementes de aveia, rico em fibras (especialmente β-glucana) e pobre em amido [1,2]. A aveia possui alto conteúdo de fitato, uma reserva orgânica de fosfato, e baixo conteúdo de fitase, enzima que catalisa a hidrólise dessa molécula. Além disso, a aveia sofre um tratamento com alta temperatura previamente à sua comercialização, resultando na inativação da fitase presente já em quantidade restrita no alimento [3–6]. O fitato é capaz de coordenar-se a cátions polivalentes — como cálcio, ferro, zinco e magnésio — formando complexos com ínfima solubilidade aquosa que são eliminados nas fezes [3–6]. A seguir, é apresentada a tabela com o conteúdo nutricional do farelo de aveia da marca Jasmine, disponível no site da empresa [7].

Informação Nutricional - Porção de 10g (1 colher de sopa)
Valor energético
33 kcal
Carboidratos
5,1 g
Proteínas
1,7 g
Gorduras totais
0,7 g
Gorduras saturadas
0,1 g
Gorduras trans
0 g
Fibra alimentar
1,5 g
das quais, β-glucana (fibra solúvel)
1,0 g
Sódio
0 mg
Ferro
0,65 mg
Magnésio
24 mg


Legislação
Segundo resoluções da ANVISA, a aveia é classificada como cereal e enquadrada como um alimento funcional indicado para a perda de peso e redução dos níveis sanguíneos de colesterol [1,2,8]. Entretanto, nessas resoluções nada é dito a respeito do conteúdo de fitato e de um limite máximo de consumo.

Discussão e Conclusão
Devido a seu alto teor de fibras e baixo teor de amido, o farelo de aveia é considerado um alimento funcional capaz de auxiliar na perda de peso e na redução dos níveis sanguíneos de colesterol. Em contrapartida, esse alimento é rico em fitato, que pode causar carência nutricional de certos cátions — como cálcio, zinco e magnésio — quando consumido com frequência e em grande quantidade. Muitas vezes o farelo de aveia é consumido em associação com o leite — um alimento rico em cálcio, magnésio e zinco — diminuindo significativamente seu aproveitamento na dieta. A legislação vigente no Brasil ignora a presença de fitato na aveia e, assim, não exige que as empresas informem no rótulo de seus produtos a quantidade dessa substância. Seria necessário, portanto, que houvesse uma reformulação da norma vigente da ANVISA a fim de que o conteúdo de fitato na aveia fosse informado e a população recebesse orientação sobre os limites para o consumo desse produto, permitindo a exploração segura dos benefícios da aveia.

Referências

[1] ANVISA. Alegações de propriedade funcional ou saúde. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/alimentos/alegacoes>. Acesso em: 28 out. 2017a.

[2] ANVISA. Alimentos funcionais. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/resultado-de-busca?p_p_id=101&p_p_lifecycle=0&p_p_state=maximized&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&_101_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_assetEntryId=2866855&_101_type=content&_101_groupId=2>. Acesso em: 28 out. 2017b.

[3] LARSSON, M. et al. Improved zinc and iron absorption from breakfast meals containing malted oats with reduced phytate content. British Journal of Nutrition, v. 76, n. 5, p. 677, 9 nov. 1996.

[4] NÄVERT, B.; SANDSTRÖM, B.; CEDERBLAD, Å. Reduction of the phytate content of bran by leavening in bread and its effect on zinc absorption in man. British Journal of Nutrition, v. 53, n. 1, p. 47, 7 jan. 1985.

[5] OOMAH, B. D. Characteristics of commercially heat-treated oat groats. International Journal of Food Science & Technology, v. 22, n. 3, p. 299–308, 28 jun. 1987.

[6] SANDBERG, A.-S.; SVANBERG, U. Phytate Hydrolysis by Phytase in Cereals; Effects on In Vitro Estimation of Iron Availability. Journal of Food Science, v. 56, n. 5, p. 1330–1333, 1 set. 1991.
[7] Farelo de Aveia | Jasmine Alimentos. Disponível em: <https://www.jasminealimentos.com/produtos/integral/farelo-de-aveia/>. Acesso em: 28 out. 2017.
[8] ANVISA. Resolução - CNNPA no 12, de 1978. [s.l: s.n.]. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/resol/12_78.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.

Sene 500 mg em cápsulas: a ingestão em excesso pode trazer riscos à saúde?

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AUTORAS: RAIHANE VIANNA E YULLI MORAES



Descrição: 

Na atualidade um dos principais objetivos da população mundial é atingir um padrão de beleza estipulado pela mídia, com esse intuito a busca pelo emagrecimento a qualquer custo é extremamente frequente. Essas pessoas em vez de pensarem em melhorar seus hábitos alimentares e praticar exercícios regularmente, recorrem aos métodos mais fáceis e rápidos, como dietas mirabolantes e duvidosas e produtos que apesar de parecerem cumprir o papel de emagrecedor, na verdade acarretam em maiores problemas de saúde. Um desses produtos é o Sene 500mg, um produto tradicionalmente utilizado como um laxante natural para combater a prisão de ventre. Porém, apesar da finalidade medicamentosa, é mais usado por quem quer emagrecer, já que por ter efeito laxativo, reduz o inchaço na região abdominal, proporcionando um aspecto estético de uma silhueta mais magra.


Fundamentos Bromatológicos:

 O componente do Sene 500mg é o sene (Cassia angustifolia), uma planta rica em antraquinonas e pertencente à família Fabaceae, nativa da Ásia tropical, e com uso aprovado pela OMS (Organização Mundial de Saúde). O Sene em cápsulas de 500mg age diretamente no estômago, intestino e demais órgãos do sistema digestivo. Possui propriedades laxativas, antiácidas, depurativas e vermífugas, sendo eficaz no tratamento da constipação (prisão de ventre) aguda e temporária. O indicado pelo fabricante é ingerir 2 cápsulas por dia antes das principais refeições. A ação laxativa do sene se deve por dois fatores: influência na absorção e secreção de fluidos e eletrólitos pelo cólon, e estímulo das contrações peristálticas e inibição das contrações locais, o que resulta em uma aceleração do trânsito do cólon.

Legislação:

De acordo com a INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 02 DE 13 DE MAIO DE 2014 da ANVISA, o sene pode ser vendido sem prescrição por ser um fitoterápico, e sua ingestão recomendada diária deve estar entre 10 a 30mg de derivados hidroxiantracênicos, expressos em senosídeo B.

Discussão e conclusão: 

O excesso e uso intermitente das cápsulas de Sene 500mg causa a desidratação, levando ao desequilíbrio eletrolítico (perda de sódio e potássio) e assim podendo prejudicar o funcionamento dos rins e do coração. Além disso, também faz com que a microbiota intestinal seja constantemente eliminada, podendo aumentar os riscos de infecções intestinais. Pelo constante ato de evacuação, fissuras anais serão formadas, podendo agravar para hemorróida. Como o sene afeta o trânsito intestinal vai ocorrer interações na absorção de determinados medicamentos. O uso concomitante de estrógenos e sene pode causar a diminuição da absorção do primeiro. Dessa forma mulheres que fazem uso de contraceptivos orais devem ter cuidado. O uso concomitante de sene com medicamentos como os diuréticos tiazidas pode exacerbar o desequilíbrio eletrolítico gerando disfunções cardíacas e neuromusculares. Portanto, o seu uso de forma indiscriminada pode causar consequências graves para o paciente leigo. Teoricamente, a utilização de laxantes não deve ultrapassar o período de 1 semana. Para tratamento de constipação crônica ou habitual, recomenda-se recorrer a laxantes mecânicos e realizar modificações na dieta e nos hábitos, ou seja, o sene não é indicado nesses casos. Para uso deste medicamento por mais de 2 semanas requer supervisão médica. Infelizmente é difícil o controle das vendas estritamente para tratamento da constipação, já que é um medicamento que não precisa de prescrição para ser vendido e é de um custo barato (entre R$13,00 e R$30,00). Os melhores métodos para o emagrecimento continuam sendo a dieta balanceada e a prática de exercícios regularmente. Em casos de maior dificuldade para emagrecer, um médico ou nutricionista deve ser consultado para prescrição de outros métodos ou procedimentos seguros para a saúde.

Bibliografia:

HEBER, David. Physicians Desk Reference for Herbal Medicines. 3°ed. Los Angeles: Thomson, 2004.
World Health Organization. Monographs on Selected Medicinal Plants: Geneva, 1999. ANVISA. Sene Alexandrina, guia para profissionais da saúde. Disponível em <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/349597/Senna%2Balexandrina%2BProfissional%2Bde%2BSa%C3%BAde.docx/620edce0-b87e-4dd2-bf99-2121a736ab77> Ultimo acesso em: 29/11/2017
ANVISA. INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 02 DE 13 DE MAIO DE 2014. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/int0002_13_05_2014.pdf> Ultimo acesso em: 27/11/2017
Biosom. Desidratação. Disponível em <https://biosom.com.br/blog/saude/desidratacao/> Ultimo acesso em: 29/11/2017
Tua Saúde. Sene. Disponível em <https://www.tuasaude.com/sene/> Ultimo acesso em: 29/11/2017
Tua Saúde. Perigo dos laxantes. Disponível em <https://www.tuasaude.com/perigo-dos-laxantes/> Ultimo acesso em: 27/11/2017

Dieta com excesso de ácido fólico

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Até que ponto os aditivos e coadjuvantes alimentares respaldados pela legislação são benéficos para a saúdes?




A adição proposital de substâncias nos alimentos é utilizada para fins de modificar sabor, aroma e a aparência em prol das vendas e até mesmo da saúde, nutrientes como o ácido fólico são adicionados obrigatoriamente na farinha como determina a ANVISA



Descrição e Legislação: O FDA (Food and Drug Administration) é um órgão do governo dos Estados Unidos equivalente a ANVISA no Brasil, com a função de controlar os alimentos e medicamentos através de testes e pesquisas. Em 1998 o FDA estabeleceu que os produtos derivados da farinha de trigo e a mesma deviam ser mandatoriamente fortificadas com folato (ácido fólico ou vitamina B9), essa regulamentação se baseou em pesquisas que mostravam que a ingestão de folato diminuía os riscos de má formação congênita relacionados ao tubo neural (responsável pelo desenvolvimento do sistema nervoso central do feto). No Brasil, através da RDC nº 344/02, a ANVISA seguiu o mesmo caminho do adotado no exterior e preconizou a adição obrigatória de 150 µg de ácido fólico a cada 100g nas farinhas de trigo e milho. Atualmente a adição é ainda maior, pois, está em vigor a RDC nº 150/17  que revogou a antiga estabelecendo que a cada 100g deve-se enriquecer de 140 a 220 µg de ácido fólico. Esses valores foram baseados na RDC nº 360/03 da ANVISA que estabelece a ingestão diária recomendada (IDR) do ácido fólico de 400 µg podendo chegar até 800 µg nos três primeiros meses de gravidez, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).



Fundamentos Bromatológicos: O folato biodisponível no organismo é utilizado na divisão celular, portanto, tecidos como: cabelo, parede do trato gastrointestinal e a hematopoiese são os que mais utilizam folato, estando sua deficiência relacionada a falta de cabelo e a tipos de anemia megaloblástica.
Contudo, essa suplementação na dieta benéfica para mulheres que pretendem engravidar vez que com que toda população fosse exposta ao excesso de folato sem escolhas. O excesso de ácido fólico pode levar a diminuição da absorção de zinco pelo organismo. A deficiência de zinco pode levar a quadro de alteração do apetite, alteração na pele e cabelos, dentre outros.(Smith et al., 2007).
Apesar de ser benéfico na formação neurológica dos bebês, o uso excessivo do folato pode aumentar o risco de autismo, de acordo com estudo americano como conclui o estudo conduzido por pesquisadores da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos. Esse estudo nos mostra que o folato atua na hipermetilação do DNA do feto. O excesso de ácido fólico também pode gerar convulsões em pessoas predispostas.
O folato é facilmente obtido da alimentação, encontrado em frutas, ovos, frutos do mar, carnes estando concentrado nos vegetais folhosos de cor verde escura. As consequências dessa dieta rica em folato se mostraram promissoras na prevenção de cânceres e doenças cardiovasculares, porém em estudos de metanálise essa ação do folato é questionável (Ulrich et al., 2006; Kim Yi et al., 2008; Li Y et al. 2016).

A ingestão de produtos como base a de farinha de trigo no Brasil vão desde o tradicional pão francês até o preparo de massas, em levantamentos feitos para dosagem dos níveis séricos de folato no sangue da população brasileira mostrou que quase a totalidade da população está com os níveis de vitamina b9 acima do limite. Segundo levantamentos bibliográficos, a população que se beneficia única e exclusivamente deste enriquecimento com folato são mulheres em apenas um estágio de vida (grávidas) enquanto, entra em questão a exposição de todo o resto da população. Por fim, ainda não está de acordo o risco relacionado a esse aumento, porém, a adição da quantidade de folato deve ser diminuída e mais estudos sobre o excesso precisam ser conduzidos.

 Referências: 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária  (ANVISA), Brasil 2017.
Estudo da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, disponível em:<https://www.jhsph.edu/news/news-releases/2016/too-much-folate-in-pregnant-women-increases-risk-for-autism-study-suggests.html>, acesso Out. 2017.
Smith et al. Folic acid fortification: the good, the bad, and the puzzle of vitamin B-12, Am J Clin Nutr 2007 vol. 85 no. 1 3-5)

Li Y, Huang T, Zheng Y, Muka T, Troup J, Hu FB. Folic Acid Supplementation and the Risk of Cardiovascular Diseases: A MetaAnalysis of Randomized Controlled Trials. J Am Heart Assoc. 2016, 15;5(8).

Ulrich CM, Potter JD. "Folate supplementation: too much of a good thing?". Cancer Epidemiol. Biomarkers Prev. 2006, 15 (2): 189–93.

Smith AD, Kim YI, Refsum H "Is folic acid good for everyone?"Am. J. Clin. Nutr. 87 (3): 517–33. 2008


Juliana Ricardo Barbosa 
Matheus Macedo Lopes Vasques Monteiro

Como a farinha de banana verde pode prevenir ou controlar o diabetes tipo 2?

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Farinha de banana verde

Autoras: Nathália Magalhães e Luiza Mayor


Descrição: A farinha de banana verde é um alimento funcional, cujo principal componente é o amido resistente, o qual é uma forma de carboidrato responsável pela maioria dos benefícios à saúde da farinha. É considerado uma fonte rica em minerais, não contém glúten e gorduras totais. Além disso, em relação à banana madura, possui menos calorias e carboidratos e maior quantidade de fibras.
Fundamentos bromatológicos: O principal componente da farinha de banana verde é o amido resistente. Atualmente, amido resistente é definido como "a soma do amido e dos produtos de sua degradação que não são absorvidos no intestino delgado de indivíduos saudáveis." Ou seja, o amido é a fração que não fornecerá glicose ao organismo, mas que será fermentada no intestino grosso, produzindo ácidos graxos de cadeia curta. Desta forma, pode-se dizer que os efeitos fisiológicos do amido resistente são comparáveis aos da fibra alimentar. Além disso, o amido resistente é o grande responsável pelos benefícios da farinha de banana verde no tratamento de diabetes tipo 2. Por se tratar de um carboidrato resistente às enzimas digestivas, o amido é digerido no intestino grosso, evitando picos glicêmicos. Dessa forma, a quantidade circulante de glicose no sangue diminui e inibe a liberação excessiva de insulina, contribuindo para a prevenção do desenvolvimento do diabetes tipo 2 ou o controle da doença. Outra característica interessante é a baixa quantidade de sacarose que também contribui para controlar a curva glicêmica. Sugere-se uma ingestão diária de até 2 colheres de sopa por dia, equivalente a 30 gramas de farinha.

Tabela nutricional - Porção de 45 g (3 colheres de sopa)

Quantidade por porção%VD
Valor calórico140 kcal7
Carboidratos33g11
Proteínas1g1
Fibra alimentar4g16
Sódio40mg2
Potássio250mg12
Magnésio16mg6
Ferro0,7mg5
Cobre50mg6
Manganês0,2mg9

Retirado da referência 4.

Legislação: A farinha de banana verde é uma farinha não convencional, portanto, não existe uma legislação específica para esse tipo de farinha. Entretanto, pode ser considerada um alimento funcional, segundo a Portaria nº 398 de 30 de abril de 1999, a qual define alimento funcional como alimento ou ingrediente que alegar propriedades funcionais ou de saúde, produzindo efeitos metabólicos ou fisiológicos e ou benefícios à saúde, sendo seguro sem supervisão médica.

Discussão e conclusão: Além do tratamento e prevenção do diabetes tipo 2, devido seu alto teor de amido resistente, a farinha de banana verde também pode ser utilizada para o tratamento de outras patologias, como osteoporose, por favorecer a absorção de cálcio, e hipercolesterolemia, por tornar mais lenta a absorção de LDL. A farinha de banana verde, ainda, é capaz de causar outros benefícios à saúde como emagrecimento, uma vez que o amido resistente começa a ser digerido no intestino grosso, retardando o processo de digestão e aumentando o sentimento de saciedade, ganho de massa muscular, sendo o potássio o grande responsável por potencializar o movimento de contração e relaxamento dos músculos, e melhora do trânsito intestinal, devido à grande quantidade de fibras.

Referências:

1. WALTER, M. et al. Amido resistente: características físico-químicas, propriedades fisiológicas e metodologias de quantificação. Ciência Rural, 35(4), 974-980, 2005.
2. MANARINI, T. Os benefícios do amido resistente. Saúde Digital. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/alimentacao/os-beneficios-do-amido-resistente/>. Acesso em: 05 dez. 2017.
3. AUTOR DESCONHECIDO. Farinha de banana verde: benefícios. Quero Viver Bem. Disponível em: <http://www.queroviverbem.com.br/farinha-de-banana-verde-beneficios/>. Acesso em: 05 dez. 2017.
4. AUTOR DESCONHECIDO. Farinha de banana verde. Pholias. Disponível em: <http://www.pholias.com.br/project/farinha-de-banana-verde/>. Acesso em: 05 dez. 2017.
5. BRASIL. ANVISA. Portaria nº 938 de 30 de abril de 1999. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/1999/prt0398_30_04_1999.html>. Acesso em: 05 dez. 2017.



Cápsulas Bwell Beauty Fortality realmente alimentam sua beleza?

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           Nos últimos anos foi possível perceber uma interessante novidade nas prateleiras das farmácias, ao lado das já conhecidas (e talvez desinteressantes) cápsulas multivitamínicas: as cápsulas de beleza. Mas são elas uma inovação real ou possuem marketing inovador?
               produto analisado, Bwell Beauty Fortality consiste de cápsulas gelatinosas moles contendo as vitaminas A,C,E, Biotina, Complexo B e os minerais zinco, magnésio e ferro. Pertence a marca Bwell, que contém três linhas de produto: vitaminas e suplementos, multivitamínicos e nutricosméticos. O produto Vitality faz parte da última linha, juntamente com outros quatro produtos: Colágeno, Expression, Skin Cell e Coenzima Q10.  O objetivo declarado de uso do produto Fortality é auxiliar na reparação e no fortalecimento de cabelos e unhas. 
     A categoria de produtos nutricosméticos dispõe de combinações de princípios ativos capazes de combater radicais livres, por meio de diferentes mecanismos, a fim de prevenir processos de envelhecimento cutâneo. Além disso, frequentemente possuem altas concentrações de nutrientes e minerais essenciais ao funcionamento do organismo, de modo a combater a queda capilar, além de fraqueza de unhas e problemas cutâneos relacionados à deficiências nutricionais diversas. Dentre os princípios ativos mais frequentemente encontrados nestes produtos estão: vitaminas A, C e E, minerais, flavonóides, carotenóides,aminoácidos, óleos essenciais, proteínas e carboidratos. Apesar de outros nutricosméticos disponíveis no mercado conterem princípios ativos com ação antioxidante (ex: carotenóides, flavonóides) que não são encontrados em suplementos vitamínicos e multivitamínicos comuns, o produto Bwell beauty fortality não possui diferenças significantes de composição quando comparado a um suplemento multivitamínico estabelecido no mercado, como o Centrum (tabelas nutricionais dos produtos abaixo). De fato, a composição do Centrum excede a das cápsulas well beauty fortality tanto em relação a número de princípios ativos presentes quanto em concentração de cada um deles.

 

Tabela nutricional Centrum. fonte:https://centrumvitaminas.com.pt/produtos/centrum/composicao/

Tabela nutricional cápsulas Bwell Beauty Fortality. Fonte: http://www.bwellvitaminas.com.br/index.php/verproduto/#bwell-beauty-fortality

        Este produto é categorizado como nutricosmético pois é uma interseção de conceitos de alimento, fármaco e cosmético, visando melhorar os aspectos estéticos através da melhora do estado geral de saúde e nutrição do organismo. A ANVISA não registra nenhum nutricosmético, estando todos sob a classificação de alimentos funcionais, por produzirem efeitos metabólicos por meio da atuação de um nutriente na manutenção do organismo. (2)
           Para os requisitos regulatórios da ANVISA, a presença de alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde é opcional. Para produtos contendo ingredientes com esta alegação, deve-se ter além das funções nutricionais básicas, produção os efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou benéficos à saúde mensuráveis, sendo seguro para o consumo sem a supervisão de profissional de saúde. (2)
     Conforme descrito nas Resoluções 18/1999 (dispõe das diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais e/ou de saúde, alegadas em rotulagens de alimentos) e 19/1999 (dispõe dos procedimentos para registro de alimentos com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde em sua rotulagem), deve -se comprovar alegações de propriedades funcionais ou de saúde com base no consumo previsto ou recomendado pelo fabricante, na finalidade, condições de uso e valor nutricional, quando for o caso, ou nas evidências científicas para proceder com o registro de um alimento funcional.(3, 4)
         Concluindo, apesar de nutricosméticos em geral poderem servir de fonte de princípios ativos que combatem radicais livres (como carotenóides e flavonóides), constituindo um diferencial em relação a composição de outros tipos de suplementos vitamínicos no mercado, o produto em questão não possui nenhum princípio ativo dentre seus componentes diferente de um suplemento multivitamínico estabelecido no mercado, como o Centrum. Como sua composição não possui nenhum diferencial em relação a produtos semelhantes, o produto Bwell Beauty Fortality se diferencia apenas no seu posicionamento de mercado, como um suplemento alimentar voltado para melhora estética de pele e cabelos. Na análise deste produto, a hipótese inicial foi confirmada.

Referências:
1) BWELL BEAUTY. Disponível em: http://www.bwellvitaminas.com.br/. Acesso em: 25 Out 2017.
2) MORIMOTO, S. M. I.; DIAS, L. C. V.; HIGUCHI, C. T. Nutricosméticos: Legislação Nacional. Revista de Saúde, Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 8, n. 3, 2013. Disponível em: <http://www.revistas.sp.senac.br/index.php/ITF/article/viewFile/473/416>. Acesso em: 25 Out 2017.
3) BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 18, de 30 de abril de 1999. Diário Oficial da União (D.O.U.). Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/388845/RESOLUCAO_18_1999.pdf/d2c5f6d0-f87f-4bb6-a65f-8e63d3dedc61>. Acesso em: 25 Out 2017.
4) BRASIL. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 19, de 30 de abril de 1999. Diário Oficial da União (D.O.U.). Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/388845/RESOLUCAO_19_1999.pdf/99351bc5-99b1-49a8-a1fd-540b4096db22>. Acesso em: 25 Out 2017.
5) CENTRUM VITAMINAS. Disponível em: https://centrumvitaminas.com.pt/. Acesso em: 25 Out 2017.

Oyska Smartliving Solar: o sabor do bronzeado?

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Descrição:
É uma bebida gaseificada com adição de antioxidantes, betacaroteno, sais minerais e vitaminas cujo o objetivo é garantir a hidratação e bronzeamento da pele.

Fundamentos bromatológicos:
O destaque deste produto é em relação ao betacaroteno que é um pigmento natural da classe dos carotenóides, que são  responsáveis pelas cores amarelas, laranja e vermelho. Além disso apresentam atividade pró-vitamínica A e, ainda, propriedades benéficas à saúde, como o fortalecimento do sistema imunológico e a efeitos antioxidantes [1]. Devido à estrutura química tetraterpênica dessa classe sua característica é lipofílica, isso significa que é solúvel em veículos oleosos, o que não é o caso dessa bebida que é veiculada em água gaseificada podendo acarretar em instabilidade do produto.

Legislação:
Esta bebida pode ser classificada como Alimentos Enriquecidos ou Fortificados, que segundo a Portaria n º 31 de 13 de janeiro de 1998 [2], é permitido o enriquecimento ou fortificação desde que 100mL ou 100g do produto, pronto para consumo, forneçam no mínimo 15% da IDR de referência, no caso de líquidos, e 30% da IDR de referência, no caso de sólidos.

Discussão e conclusão:
O produto tem um apelo para bronzeamento e por isso destaca o Betacaroteno, segundo a RDC Nº 259, DE 20 DE SETEMBRO DE 2002 da ANVISA [3] quando se tem mais de um ingrediente na lista de ingredientes eles devem estar organizado de forma decrescente, na lista do produto o betacaroteno é o penúltimo ingrediente, isso significa que tem sua quantidade bem inferior comparado aos outros ingredientes que compõem a bebida, como os diversos aditivos por exemplo. E outro agravante deste produto é que não consta na tabela nutricional a quantidade de betacaroteno que tem na composição, dessa forma, não se sabe o quanto está sendo ingerido, se em excesso ou com carência.
Figura 1: Lista de ingredientes do Oyska Smartliving Solar. Retirado da emabalagem do produto.
A RDC Nº. 269, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005 [4] regula a Ingestão Diária Recomendada (IDR) de proteínas, vitaminas e minerais, nessa tabela não consta a IDR referente ao betacaroteno, apenas em relação à vitamina A cujo o IDR é de 600 micrograma RE para adultos. Sabe-se que esse caroteno é precursor da vitamina A por reações de enzimas hepáticas, o excesso desse caroteno não é tão grave como o dessa vitamina que pode causar até hepatotoxicidade, mas pode causar carotenose no qual a coloração da pele passar a ser amarelada. E mais, o fabricante não faz distinção de público consumidor e a faixa etária ou as condições deste público alteram o IDR, o que pode aumentar o risco deste efeito adverso.
Figura 2: Tabela nutricional do Oyska Smartliving Solar. Retirada do site do produto [5].

Em suma, as alegações deste produto já comercializado não tem uma base científica concreta, o ideal é que mais testes de comprovação deveriam ser feitos antes do produto se tornar disponível aos consumidores. Além disso, a embalagem do produto deveria ser mais clara com a finalidade do produto.

Referências:
[1] Valduga, E; Tatsch, P.O; Tiggemann, L; Treichel, H; Toniazzo, G; Zeni, J; Di Luccio, M. PRODUÇÃO DE CAROTENOIDES: MICRORGANISMOS COMO FONTE DE PIGMENTOS NATURAIS. Quim. Nova, Vol. 32, No. 9, 2429-2436, 2009.
[2] Brasil. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Portaria n º 31 de 13 de janeiro de 1998. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/anvisalegis/portarias/31_98.htm>
[3] Brasil. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da diretoria colegiada- RDC nº 259, DE 20 DE SETEMBRO DE 2002. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33880/2568070/RDC_259_2002.pdf/e40c2ecb-6be6-4a3d-83ad-f3cf7c332ae2>
[4] Brasil. AGENCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução da diretoria colegiada- RDC nº 269, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/394219/RDC_269_2005.pdf/2e95553c-a482-45c3-bdd1-f96162d607b3>
[5] http://oyska.com/

Por: Juliana Franco.

Contaminação por arsênio em produtos infantis à base de arroz

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Vinicius Alves Duarte da Silva



A adição de farinha de arroz a alimentos infantis é uma prática comum que visa aumentar a consistência do produto, tornando-o, assim, visualmente mais aceitável. No entanto, o arroz é o cereal mais afetado pela contaminação com arsênio
por absorvê-lo em maiores quantidades, em parte devido ao crescimento do vegetal em áreas alagadas. O arsênio é um elemento extremamente tóxico que impacta negativamente no desenvolvimento de diversos sistemas do organismo, sobretudo os sistemas imune e nervoso.

Descrição do Produto: Como exemplo de alimento infantil, vamos utilizar as papinhas industrializadas. Estas são indicadas para bebês a partir dos 6 meses de vida, que começam a complementação alimentar com outros alimentos além do leite materno. As papinhas da marca Nestlé, por exemplo, possuem adição de farinha de arroz em quase todas as variedades como ingrediente essencial na manutenção da consistência do produto.


Exemplo de papinha de ameixa da marca Nestlé, apresentando farinha de arroz como ingrediente.


Fundamentos Bromatológicos e Legislação: Estudos epidemiológicos recentes sugerem que a exposição ao arsênio na vida uterina e nos primeiros estágios de vida podem estar associados a efeitos adversos de desenvolvimento, sobretudo dos sistemas imune e nervoso [1], [2], [3]. O arsênio é encontrado em pesticidas e herbicidas e seu acúmulo nos vegetais pode impactar em uma contaminação crônica desse elemento no organismo. Os limites de tolerabilidade ao arsênio vem se tornando cada vez mais restritos dado o alto grau de toxidez do mesmo. Por isso, em 2015, o FDA alterou o limite máximo de ingestão de arsênio para 200 ng/g em arroz polido e a União Europeia reduziu o limite ainda mais, para 100 ng/g em alimentos infantis [4]. No Brasil, no entanto, o cenário é outro. Segundo a ANVISA, o arroz brasileiro não apresenta riscos de contaminação e portanto, a preocupação internacional não se aplica ao Brasil. Por outro lado, pesquisas brasileiras mostram que algumas amostras de arroz nacional apresentam níveis acima do tolerado de arsênio [5]. Além disso, o limite de tolerabilidade ao arsênio da ANVISA é de 300 ng/g para arroz polido, valor consideravelmente mais elevado que os padrões internacionais. 

Discussão e Conclusão: Posto isso, as papinhas industrializadas, um dos alimentos mais consumidos por lactentes a partir dos 6 meses, devem ser alvos de monitoramento sanitário constante a fim de que os limites de arsênio sejam mantidos controlados. Além disso, levanta-se um outro aspecto não mencionado anteriormente - a necessidade da adição de farinha de arroz a esses produtos. Em meio a tantas controvérsias, o ideal seria a retirada desse ingrediente de produtos infantis, uma vez que a farinha de arroz não compõe um ingrediente essencial para o preparo desses alimentos e muitos consumidores sequer encontram-se devidamente informados sobre a presença do mesmo.

Referências:

[1] Karagas et al. Association of Rice and Rice-Product Consumption With Arsenic
Exposure​ ​Early​ ​in​ ​Life​. JAMA Pediatrics, 2016.
[2] Farzan et al. In utero arsenic exposure and infant infection in a United States
cohort:​ ​a​ ​prospective​ ​study​. Environmental Research, 2013.
[3] Nadeau et al. In utero arsenic exposure and fetal immune repertoire in a US
pregnancy​ ​cohort​. Clinical Immunology, 2014.
[4] FDA Statement on Testing and Analysis of Arsenic in Rice and Rice Products
(https://www.fda.gov/Food/FoodborneIllnessContaminants/Metals/ucm367263.htm)
[5] Souza et al. ARSÊNIO E ARROZ: TOXICIDADE, METABOLISMO E SEGURANÇA
ALIMENTAR​. Química Nova, 2015.

Biscoito Integral Nesfit: é mais saudável que outros biscoitos?

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Autores: Gabriel Catarino e Fernanda Bugarin

  Uma das principais preocupações de quem deseja perder peso, manter a forma física e ter um estilo de vida saudável é na alimentação. Características como mais fibras, menos açúcar, menos sal e menos gorduras saturadas são ditas compostas de alimentos considerados saudáveis. Nesta pesquisa, tomando essas substâncias como indicadores, fazemos uma comparação entre o biscoito "Nesfit - cacau e cereais", classificado como produto integral por conter na composição majoritariamente a farinha integral, com outros alimentos similares. Busca-se, assim, resposta para a indagação de que a substituição de alimentos similares comuns por essas formulações especiais ditas mais saudáveis, como a integral, realmente auxilia ou não na manutenção da reeducação alimentar e nos reflexos benéficos à saúde.

Fundamentos Bromatológicos e Legislação

   Segundo a Portaria nº 40 de 21 de março de 2001, fibra alimentar é qualquer material comestível que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo humano. São resíduos de células vegetais, como celulose, oligossacarídeos e pectina,  não sendo digeridas e não oferecendo calorias. Existem as fibras solúveis e as insolúveis, exibindo propriedades de redução da glicemia e de colesterol, ação prébiótica, aumento do bolo fecal, estímulo da defecação e o bom funcionamento do intestino. Assim, seu consumo é altamente benéfico para a saúde.
   Pela RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, Art. 2º, na rotulagem nutricional devem ser declarados os seguintes nutrientes: valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gorduras saturadas, gorduras trans e sódio.
  Gorduras ou lipídeos: são substâncias de origem vegetal ou animal, insolúveis em água, formadas de triglicerídeos e pequenas quantidades de não-glicerídeos, principalmente fosfolipídeos. As gorduras saturadas contém ácidos graxos sem dupla ligações.
   Carboidratos: São todos os glicídios metabolizados pelo ser humano, incluindo os polióis.
  Alimento integral é como se chama um alimento que, apesar de industrializado, manteve todas as suas características e a totalidade dos nutrientes essenciais, como vitaminas, mineirais e fibras, quando é colhido da natureza. Ainda em regulamento pela ANVISA, é preconizado que o teor de farinha integral para um alimento desta classificação seja de, no mínimo, 51%.
   O sódio é consumido na forma de sal na alimentação, sendo fundamental para regulação da pressão arterial, do equilíbrio do organismo, estímulo muscular e transmissão neurológica. Porém, em quantidade excessiva, principalmente quando ingerido em produtos industriais, pode ser prejudicial à saúde. 

Discussão

  Em nosso estudo, utilizamos para comparação com o Nesfit os biscoitos Bono recheado de chocolate e Passatempo de leite sem recheio, ambos não referidos como produtos integrais e sem o status de saudáveis. A seguir pode-se analisar as tabelas nutricionais de cada um deles:

Tabela nutricional biscoito Nesfit-cacau e cereais

Tabela nutricional biscoito recheado Bono sabor chocolate

Tabela nutricional biscoito Passatempo leite sem recheio

 O biscoito Bono, em uma porção de 30g, apresenta valor energético um pouco maior que a mesma porção de Nesfit, de133 kcal contra 130 kcal. O teor de carboidratos também está numa faixa um pouco maior, de 21g contra 19g. O valor de gordura saturadas é maior no biscoito recheado em relação ao biscoito integral, de 1,4g para 0,7g, sendo que a quantidade de gorduras totais é igual para ambos os produtos. O teores proteico e o de fibra alimentar também são maiores no biscoito Nesfit, correspondendo às propriedades da categoria integral, principalmente quanto à presença maior de fibra. Além disso, o sódio no Nesfit é muito maior que no Bono, de 85mg contra 63mg.
 A tabela nutricional do biscoito Passatempo nos fornece valores bastante semelhantes de calorias, carboidratos, gorduras totais e gorduras saturadas para a mesma porção de 30 gramas em relação ao Nesfit. Os valores mais destoantes ficam para o teor de fibra alimentar, de 1,9g contra 0,8g do passatempo, e a maior quantidade de sódio presente no Nesfit, de 85mg contra 80mg do passatempo.
 Com estes dados, percebemos que a única pouca vantagem do biscoito integral Nesfit com relação aos biscoitos analisados é devido a presença de farinha integral na composição, que fornece um teor majoritário de fibras e proteínas. O saldo para gorduras e carboidratos é praticamente o mesmo, e ainda o sódio se faz presente em quantidades muito maiores no biscoito integral do que nos utilizados para comparação. Ainda é importante destacar o fato de a faixa de calorias fornecidas pelos produtos serem muito parecidas, o que indica que, em conjunto, o Nesfit não é tão vantajoso assim em comparação aos biscoitos ditos “menos saudáveis”. 

Conclusão

 Através da análise da composição dos alimentos neste trabalho, podemos concluir que, apesar de o biscoito integral Nesfit ser feito de um ingrediente mais vantajoso, como a farinha integral, não necessariamente ele deve possuir o status de mais saudável ou nutritivo, justamente pela comparação com alimentos que são ditos como “inimigos da saúde e da dieta” e, basicamente, possuirem os mesmos teores de nutrientes valores energéticos e até maior quantidade de sódio que, em excesso na alimentação diária, pode acarretar diversos problemas ao organismo no futuro. Por isso, o consumidor deve ficar atento à propraganda veiculada pela indústria quando for incorporar estes alimentos como componentes da sua alimentação, principalmente no caso de dietas regradas na manutenção da saúde.

Referências Bibliográficas
BISCOITO BONO RECHEADO CHOCOLATE. Disponível em: <https://www.nestle.com.br/marcas/bono/biscoito-bono-recheado-chocolate>. Acesso em: 25 de novembro de 2017.
BISCOITO NESFIT CACAU E CEREAIS. Disponível em: <https://www.nestle.com.br/marcas/nesfit/biscoito-nesfit-cereais-e-cacau>. Acesso em: 25 de novembro de 2017.
BISCOITO PASSATEMPO LEITE. Disponível em: <https://www.nestle.com.br/marcas/passatempo/passatempo-biscoito-de-leite>. Acesso em: 25 de novembro de 2017.
BRASIL. Resolução RDC nº 40 de 21 de março de 2001. Revogada pela Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Órgão Emissor: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: www.anvisa.gov.br => Acesso em: 25 de novembro de 2017.
BRASIL. Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Aprova o Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados. Órgão Emissor: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em: www.anvisa.gov.br => Acesso em: 25 de novembro de 2017.

Simbioflora® 6g: Qual o risco do uso sem orientação profissional?

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TEMA: Uso indiscriminado de Simbióticos pela população brasileira.

INDAGAÇÃO: Qual o risco do uso sem orientação profissional?

HIPÓTESE: A venda do produto em gôndolas da drogaria, juntamente com os produtos Over the Counter (OTC).

DESCRIÇÃO DO PRODUTO: Simbioflora® é composto por uma formulação de fruto-oligossacarídeo (prebiótico), Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus paracasei e Bifidobacterium lactis (probióticos). Caixa com 15 sachês de 6g.

FUNDAMENTOS BROMATOLÓGICOS: Flora intestinal é o nome dado à população de microorganismos que habitam o intestino. Essa flora intestinal é formada desde o nascimento do indivíduo e o acompanha pelo resto da vida. Esses microorganismos participam ativamente da manutenção da saúde, ajudando em algumas funções do organismo, como digestão e absorção de nutrientes, proteção contra patógenos, produção de vitaminas, e estimulação do sistema imunológico. Estima-se que 70% das bactérias que o organismo humano possui, estejam no intestino grosso. Uma flora intestinal saudável é composta por microorganismos benéficos e potencialmente nocivas, que vivem em equilíbrio no intestino.
No entanto, algumas situações da vida moderna interferem nesse equilíbrio, como alimentação desbalanceada, sedentarismo, uso de antibióticos e protetores gástricos, tabagismo, constipações e diarréias, favorecendo a proliferação dos microorganismos patogênicos, promovendo um desequilíbrio da flora intestinal. Esse desequilíbrio tem sido associado à diversas alterações funcionais do organismo, como intolerâncias alimentares, alterações de glicemia, obesidade, câncer e doenças odontológicas.

LEGISLAÇÃO: Os probióticos são os microrganismos vivos capazes de melhorar o equilíbrio microbiano intestinal produzindo efeitos benéficos à saúde do indivíduo. Enquanto que prebióticos são fibras alimentares que são consumidas no intestino pelos probióticos favorecendo assim o seu crescimento e desenvolvimento no intestino. A definição de probiótico consta na RDC 2/02, mas não temos uma definição na legislação para prebióticos.
No rótulo do produto consta a informação de recomendação posológica de 1 a 2x/dia ou conforme orientação de médico ou nutricionista. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Consumir somente a quantidade indicada na embalagem. Gestantes, nutrizes e crianças somente devem consumir este produto sob orientação de nutricionista ou médico. O CONSUMO DESTE PRODUTO DEVE SER ACOMPANHADO DA INGESTÃO DE LÍQUIDOS. NÃO CONTÉM GLÚTEN. Reg. MS. 6.7239.0004.

CONCLUSÃO: De maneira geral, a melhor forma de evitar esse desequilíbrio da flora intestinal e todas as situações clínicas associadas a esse desequilíbrio é manter hábitos de vida saudável e consumir, de forma regular, produtos simbióticos para estimular o crescimento e manutenção da flora intestinal, promovendo o equilíbrio, a regularização do trânsito intestinal e a melhora da resposta imunológica. Não são evidenciados nenhum relato ou estudo de caso com problemas ao uso não recomendado de simbióticos na literatura, portanto o uso indiscriminado por pacientes e seu comércio como OTC, é previsto e regulamentado pela ANVISA.

Seria o Aptamil 1 Fórmula Infantil uma boa complementação alimentar para recém nascidos? Será que poderíamos considerar como uma opção viável para mulheres que apresentam baixa produção de leite?

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Autor: Marcos Phelipe Rodrigues


Falar sobre esse é assunto é extremamente relevante, pois a alimentação no primeiro ano de vida irá constituir um marco importante nos hábitos da criança nos próximos anos de vida. Além disso, um recém nascido apresenta necessidades nutricionais muito diferentes das necessidades de um adulto, considerando que uma criança, no primeiro ano de vida, triplica o seu peso de nascimento, enquanto a estatura aumenta em 50% no mesmo período. Ou seja, estamos falando de um público extremamente vulnerável a deficiências nutricionais, justamente porque exigem uma alta demanda.


Introdução


    Uma alimentação adequada é imprescindível nessa etapa, pois isso irá implicar no desenvolvimento da criança de forma geral, na otimização e funcionamento dos órgãos e até mesmo na prevenção a doenças. Déficits nutricionais nesse período estão relacionados à baixa ingestão e, se não forem atendidas as necessidades nutricionais para a idade, poderá haver comprometimento do crescimento.

         Pensando no elevado grau de importância do assunto podemos levantar alguns questionamentos com relação ao produto em estudo neste trabalho, que é o Aptamil 1 Fórmula Infantil. Iremos investigar se esse produto é realmente uma boa opção de complementação nutricional para recém nascidos e se em casos onde a mulher apresenta baixa produção de leite podemos ter o Aptamil como uma opção viável de resolução do problema.

Fundamentos Bromatológicos


        A RDC 43/2011 dispõe sobre o regulamento técnico para fórmulas infantis para lactentes, e nessa categoria encontramos o Aptamil. A mesma RDC irá definir fórmula infantil para lactentes como sendo “o produto, em forma líquida ou em pó, utilizado sob prescrição, especialmente fabricado para satisfazer, por si só, as necessidades nutricionais dos lactentes sadios durante os primeiros seis meses de vida (5 meses e 29 dias)”.

Discussão


         A RDC 43/2011 estabelece que um produto considerado uma fórmula infantil deva apresentar no mínimo 60 Kcal em 100 ml e no máximo 70 Kcal, o Aptamil apresenta 66 Kcal em 100 ml, ou seja, atende aos padrões estabelecidos pela ANVISA.

Figura 1. Tabela Nutricional do Aptamil Premium 1

      Mas o que seria o Aptamil Fórmula Infantil? Pode ser utilizado de qualquer maneira, sem nenhuma orientação e/ou indicação? Por que a reposição nutricional de recém nascidos não pode ser feita com leite de vaca simplesmente?

         Essas são algumas perguntas relevantes quando pensamos no contexto que está sendo discutido e que iremos abordar neste momento.

       Em primeiro lugar é de suma importância destacar que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Ministério da Saúde (MS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam a amamentação até os dois anos de idade, com aleitamento exclusivo ao seio por período não inferior a seis meses e introdução de alimentos complementares a partir dessa idade. Isso se dá porque o leite materno é o melhor alimento para um recém nascido. Por ser rico em anticorpos, o colostro é considerado “a primeira vacina do recém-nascido”. Ele protege contra uma série de doenças e alimenta muito bem o bebê. Em comparação ao leite maduro, é mais rico em proteínas e tem menos gorduras. Por ser muito concentrado, o bebê só precisa ingerir uma pequena quantidade a cada mamada. Mas e nos casos em que a mulher apresenta baixa produção do leite materno, existem opções? Sim, existem opções, e uma delas é o Aptamil.

      Aptamil 1 é uma fórmula infantil de partida em pó indicada para a alimentação de lactentes desde o nascimento até os seis meses de vida. É adicionada de prebióticos 0,8g/100ml (10%FOS e 90%GOS), contém LcPUFAs ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa - ácidos araquidônico (ARA) e docosahexaenoico (DHA) e nucleotídeos. Mas não pode ser utilizado de qualquer maneira, o uso de Fórmulas Infantis requer orientação médica e é indicada em casos em que haja uma verdadeira necessidade nutricional do recém nascido. O uso indiscriminado com doses equivocadas pode fazer mal a criança.

      Outra questão interessante a se pensar é o porquê de a reposição nutricional de recém nascidos não poder ser feito com leite de vaca simplesmente; considerando que o valor monetário da Fórmula Infantil é bem mais elevado? Então, o problema é que estudos já mostram que o leite de vaca não é a melhor opção de alimentação para crianças abaixo de um ano, tendo em vista que há uma inadequação de sua composição em relação às necessidades nutricionais da criança. Ele apresenta alto teor proteico e maior proporção de caseína em relação às proteínas do soro, se comparado ao leite humano, predominância de ácidos graxos saturados e deficiência de ácidos graxos essenciais, alta concentração de alguns minerais (cálcio e fósforo), deficiência de micronutrientes (zinco, cobre, vitamina C) e menor biodisponibilidade de nutrientes em relação ao leite materno. O consumo de leite de vaca neste período está associado ao aparecimento de anemia ferropriva, tanto por conter pouca quantidade e baixa biodisponibilidade de ferro, como também por ocasionar perda de sangue pelas fezes.

Conclusão


     Fato é que nada será melhor que o leite materno, e tanto o Ministério da Saúde quanto a Organização Mundial de Saúde alertam para a importância da amamentação. Mas podemos concluir que hoje já é possível fazer uso de alternativas alimentares que ajudem na complementação alimentar e até mesmo como um pilar principal em casos onde haja baixa produção de leite por parte da mulher.

Referências Bibliográficas


Accioly E, Saunders C, Lacerda EMA. Nutrição em obstetrícia e pediatria. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2003.

Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para a alimentação do lactente, do pré-escolar, do escolar, do adolescente e na escola. 2.ed. São Paulo: SBP, 2008.

Weff ort VRS, Lamounier J. Nutrição em Pediatria da neonatologia à adolescência. Barueri: Manole, 2009.

Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/2810640/ Formulas+infantis/b6174467-e510-4098-9d9a-becd70216afa.

Diretoria Colegiada de Vigilância Sanitária – ANVISA. Resolução – RDC 43/2011- Fórmulas Infantis para lactentes. Diário Ofi cial da União, Brasília – DF, 21 de Setembro de 2011.




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